sexta-feira, 14 de maio de 2010

Vento quente, sangue frio (e vice-versa)


Acontece que a princesa estava cansada de se sentir vazia.
Seu coração, como uma explosão de vento frio,
abriu-se para o mar dos sentimentos...
E afundou.
Nunca aprendera a nadar, a não ser em sua banheira, trancada na suíte.
O coração da princesa vinha cansado do vazio, a bater lentamente, endurecido.

Depois da explosão, os destroços.
A princesa não soube como fazer.
O coração pulsava, até sangrava, e ela não entendia.

Beberam da água do mar dois beija-flores com mel no bico.
Um era do norte, o outro vinha do sul.
Ambos foram embora procurar nova estação.

Na água nem pétalas ficaram.
A princesa acabou com dois vazios:
O que vinha de dentro e o deixado pelos beija-flores.
O coração engolia a água do mar, tentava se safar,
Mas era tarde para aprender - ou se arrepender...
Ele queria um inverno para achar uma superfície.


Na história, a princesa começa vazia, o coração trancado.
A prncesa se perde, culpa do coração que não soube nadar.
Não sobrou ninguém depois da explosão - nem flores.

A princesa tornou-se dois vazios, com meio coração, cansada do mar e fechada em sua suíte.

As ondas podiam ter levado à praia, à ilha ou ao céu...
Porém a princesa nunca acreditou nas ondas brancas do mar
E acabou enterrada em sua própria banheira.

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