domingo, 29 de agosto de 2010

Domingo



E hoje bateu uma moleza no corpo, daquelas que a alma só quer deitar, só quer aconchego, calor nos pés.

Bateu também um vento frio, daqueles que cantam na janela semi-aberta e esvoaçam as cortinas finas. O vento esfriou o corpo todo e a primeira medida foi buscar aquecimento - e não fechar a janela.

Às vezes parece que a gente quer mesmo é sentir aquilo na pele e da maneira mais displicente possível.

Bateu uma tontura daquelas que a cabeça apronta só pra não pensar em nada, pra se livrar do que é pesado.

Na efemeridade da manhã, o rádio ao fundo dá a trilha sonora do frio... A música lhe escolhe e define - e não o contrário.


Não me deixe só, que eu tenho medo do escuro, tenho medo do inseguro, dos fantasmas da minha voz... ah ah ah


Hoje bateu forte a vontade de só ficar... em silêncio e bem aquecida, só ficar.

E que os pensamentos tomem livres seus rumos, que hoje apenas existo - corredor mal iluminado de uma casa ampla, sem viventes...


Só vou te contar um segredo: não, nada de mais nos alcaçaaa... Então venha me dizer o que será da minha vida sem você...


E depois, como será? Antes, o que foi?


quinta-feira, 19 de agosto de 2010

A vida I


E quem diria que eu te veria crescer! Crescer e acabar desse jeito, desgastada pelas próprias lágrimas, vítima do próprio castigo, do próprio engano.

Quem diria que aquela garotinha gorducha e sapeca, tentando se equilibrar nos pezinhos, de olhos mais singelos que o próprio amanhecer e sem malícia, sem mágoas... Aquela menina que um dia quis voar da janela e seguir uma borboleta iria acabar assim.

A garotinha que foi se tornando uma mocinha, de cachos loiros e pele alva, com os mesmos olhos inatingíveis pela sujeira que todos adquiriam perto dela! Aquela que preferia brincar de casinha sozinha porque somente ela entendia seu mundo e estava muito bem assim. Aquela que quis dar leite ao gato da rua...

Quem diria! Se desmoronássemos perante tudo de errado que acontece, a humanidade não teria chegada a um terço do que é.



É preciso força pra seguir.