quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Dia qualquer


Eu queria escrever uns versinhos
Que me ajudassem a descobrir
Sentir assim afinal não é legal.
Assobio à janela à procura de inspiração
O pássaro a pedra a negra o cachorro
Doce solidão.

Passou o rapaz, aquele de corpo esguio
Queria cantar, vem aqui na janela?
Meu coração em chamas - os lábios frios.
Passou. Eu só queria uma motivação...

Passou a velha. Me oferece uma maçã?
Ela arrasta a vida amarrada aos pés.
Por um instante eu quis ser a velha
A caminhar, nem aí pra vida se acabando no chão.

Passou o leiteiro e o cavalo, devagar...
"Eta vida sem graça".

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Estático



Meu coração é como a velha estante do quarto
De ferro, já desgastada pela ferrugem,
Simples, reta, de linhas secas e bem espaçadas.

Meu coração é como a estante do quarto
Que guarda lembranças como livros velhos empilhados
Que fica parado
Que só guarda e para.

Meu coração é quadrado como a estante bege do quarto
(bege com pontinhos pretos...)
Cada espaço preenchido por variedades, entretido por banalidades.

Meu coração está cheio e pesado como a estante
Está isolado no centro na parede branca
E está perdendo a cor.