sábado, 10 de abril de 2010

Blue .




Ela sentiu um aperto no peito, um choro abafado na garganta. Sentia as pernas tremerem, assim como as mãos e o resto do corpo. Não entendeu.
Sim, o dia havia sido cheio como os outros. Vira as mesmas pessoas e pensou nos mesmo problemas do anterior. O que mudara, então?
Ela havia mudado?
Sabia que períodos de mudanças vinham acompanhados de nuvens cinzas e noite orvalhada. Sabia que deveria conter-se caso quisesse permanecer ali, na Terra, junto aos outros.
Mas seu espírito queria mais, sempre mais, e a deixava angustiada, aversa a tudo que não fosse perfeitamente correto.
Daí saia sua inconstância. A imperfeição a atormentava.
Como não sentir uma montanha-vida que gira, anda para trás, rápido, devagar, cabeça para baixo enquanto se está sentada e distraída com o que poderia ter sido, ter feito, ter dito, ter desobedecido...


As pernas cada vez mais cambaleavam e ela sentia que seria ali onde aconteceria.
Depois de percorrer a vida em um segundo, não viu mais o mar à sua frente.

Tudo agora era azul.

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